Sobre resgatar o melhor de nós

Sobre resgatar o melhor de nós

À medida que essas palavras tomaram forma, uma vida se desenrolou ao meu redor. O aroma do cuscuz de milho se mistura ao cheiro convidativo do café preparado por papai. Estava chovendo e fazendo frio no final da tarde. Enquanto meu coração derrama essas palavras, uma parte de mim anseia por retornar ao mundo do Cyberpunk 2077, animada com o lançamento da expansão Phantom Liberty. Metade de mim está imersa no jogo e a outra metade está aqui escrevendo enquanto espera o chá da tarde.

Esta semana senti uma sensação de vazio ao perceber que havia desistido de muitas práticas que antes eram parte integrante da minha vida diária.

Este ano, negligenciei meu bullet journal e me arrependo profundamente. Não me sinto nem confortável com planejadores. Mesmo sendo uma pessoa organizada, sinto que estou perdendo muito por não carregar comigo o caderninho do caos. Não é apenas um bullet journal, mas a maneira de focar na criação de designs, poemas e ideias. Hoje em dia tudo está espalhado por múltiplas plataformas e isso me incomoda. Ansiava por uma ferramenta prática para me organizar o máximo possível.

Esses pensamentos me lembram da minha infância, quando recortava revistas e jornais e os colava em meus diários, numa época anterior à internet ser o que é hoje. Às vezes colava memórias, como ingressos de cinema. Certa vez, postei uma foto do meu escritório perfeito porque na época eu não tinha um bom computador nem meios para possuir o que via nas revistas. Colar essas imagens era uma forma de manter meu foco no lugar que aspirava alcançar. Perdi essa prática com o tempo e as conveniências proporcionadas pela internet e aplicativos modernos. Estou tão imersa no ritmo atual que mesmo desejando retomar essa prática, ainda não sei como fazer digitalmente, mantendo a consistência diária sem perder nada. Estou redescobrindo como funciono. Todos esses pensamentos surgiram quando percebi que, se quero ser mais criativa, preciso nutrir essa criatividade e parar de me perder no caminho, pois são as peculiaridades dos meus gostos que moldaram quem sou hoje.

A vida muitas vezes nos paralisa com rotinas pesadas, amores que nos frustram, pessoas que nos dividem, mágoas não expressas e desejos reprimidos. Quantas pessoas deixamos para trás na estrada da vida? Se posso remontar e reorganizar essas peças de mim mesmo, ainda não sei. Não sou mais a mesma garota, mas sou uma mulher que está disposta a se olhar mais de perto e perceber que ainda tenho muitas coisas para alcançar e muitas camadas para explorar.

Que a vida nunca tire a sua leveza. Que você continue cultivando a melhor versão de si mesmo e entenda que precisa se confortar quando necessário e não deixar que nada nem ninguém parta seu coração pelo caminho.

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