Mariposa tecnológica

Mariposa tecnológica

A mariposa é um dos animais mais supersticiosos que existem por estar cercada por simbolismos. Nos falavam que não devíamos tocá-las e depois coçar os olhos para não ficarmos cegos. Em muitas culturas elas também representam transformação, libertação e morte. Ou um ser que transita entre o mundos dos vivos e dos mortos.

Foi assim que me senti ao refletir sobre a forma que consumo tecnologia. Uma mariposa atraída pela claridade.

Lembro que quando era criança, nossa preocupação era saber se tinha comida na mesa, se eu estava indo para a escola e se a Telefunken estava funcionando. Se tem uma coisa que lembro da minha infância são os espaços vazios, os poucos móveis antigos e o chão no cimento. Um cheiro familiar de amor e poeira.

Ao refletir sobre minha infância fiquei me perguntando quando foi que nos tornamos meros lacaios tecnológicos. Estava com saudades de desenhar no antigo Samsung Tab S6 Lite. Adorava desenhar com ele mas o desempenho não era bom o suficiente. Engasgava demais quando eram desenhos muito complexos.

Acabei me desfazendo dele para comprar um iPad 9 mas não me acostumei com a Apple pencil e nem com o tablet em si para tal finalidade. E tive o mesmo problema de desempenho. Não me atrevo a refletir sobre meus gastos porque isso me frustraria mais.

Quando percebi que gostava da simplicidade dos apps que usava no tablet da Samsung e que me sentia confortável com aquela canetinha tão simples é que compreendi melhor meu próprio papel como designer.

Precisei dar uma volta enorme para perceber que não precisava tanto assim do ipad, que poderia resolver meus problemas de sincronização de apps de outras formas, mesmos que não sejam meus apps favoritos.

A verdade é que nunca estamos satisfeitos e isso é assustador.

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